Domiciano's Last Stand

Aqui dou alguns pitacos sobre política, esportes, economia, cotidiano, músicas, brigas amorosas, compra e venda de automóveis...

03 julho 2007

A transitoriedade das coisas

Depois de um período sem escrever neste espaço, volto com um lado mais literário. Na era do terror é sempre bom dar uma amenizada de vez em quando. Segue abaixo um poema de Gregório de Matos e Guerra, um daqueles nomes que têm sumido da educação construtivista de esquerda que assola nossas escolas.

"MORALIZA O POETA NOS OCIDENTES DO SOL A INCONSTÂNCIADOS BENS DO MUNDO

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância."


Além dos belos versos, Gregório aborda também um tema muito comum à humanidade até hoje: o transitoriedade das coisas. Ainda não me acostumei à rapidez das mudanças e das transformações. Infelizmente assistimos apenas a coisas ruins. A democracia dilapidada a cada dia, a ignorância reinando e a barbárie virando uma instituição.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

A transitoriedade da natureza, citada por gregório, é um golpe de muita inteligência de quem a criou. Ela transita para que todos, nesta imensa Terra, tenham o direito a desfrutá-la.

Triste é notar que as coisas ruins parecem não seguir a sensatez da transitoriedade das coisas boas. As guerras não cessam, a maldade não termina, a intolerância é cada vez maior e as diferenças são cada vez menos aceitas. Quem sabe se o homem fosse tão atilado quanto quem criou as belezas naturais, a maldade (impossível acreditar em um mundo sem ela) fosse inteligentemente transitória. Todos os males citados acima seriam menos degradativos à nossa sociedade como, hoje, são. Talvez alguns até nem existissem. Quem sabe viveríamos num mundon o mínimo, justo.

Logo, a frase "tudo que é bom dura o tempo necessário para tornar-se inesquecível" seja a mais pura realidade. Falta, no entanto, apenas um melancólico complemento. "Tudo que é bom dura o tempo necessário para tornar-se inesquecível. Tudo o que é ruim, perpetua".

6:55 PM  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial