O dono da bola

Atendendo a pedidos de pelo menos dois amigos, darei aqui algumas opiniões sobre Ricardo Teixeira. Presidente da CBF, desde 1989, Teixeira acumula inúmeros processos na Justiça. O mais recente é por evasão de divisas e crime de operação de câmbio com informações falsas. E chegou a CBF por ter sido genro de João Havelange. Na parte administrativa, a Seleção Brasileira nunca teve números tão fulgurantes. Em 1997 foi assinado um lucrativo contrato com a Nike, que foi alvo de uma CPI no ano 2000. Apesar de ter tido o final que a grande maioria das Comissões tem no Brasil, a investigação revelou dados interessantes sobre Teixeira. Mas por uma intervenção do ex-ministro do STF, Nelson Jobim (sempre ele!), o relatório final não pôde ser apresentado. Quando estava bem perto da morte política, o presidente da CBF foi salvo por Pelé. O gesto de "amizade" selou a continuidade. A gestão de Ricardo Teixeira sempre foi alvo de críticas por parte da imprensa. Um de seus críticos mais ferozes é Juca Kfouri. O jornalista da CBN, ESPN Brasil e Folha de São Paulo, foi um dos primeiros a anunciar o famoso "Vôo das muambas" na volta dos Estados Unidos, após a Copa do Mundo de 1994. Posteriormente, Kfouri também denunciou diversos pontos nebulosos no contrato entre CBF e Nike. A relação conflituosa entre os dois já afetou o tratamento dado pela assessoria de imprensa da CBF com os veículos em que o jornalista trabalha. A Folha de São Paulo foi um dos últimos jornais a conseguirem credenciais para a Copa de 2006. Porém nesta semana, a perseguição e o desprezo pela imprensa atingiram seu maior nível: Teixeira não quis gravar entrevista e não permitiu que a equipe da ESPN Brasil participasse da coletiva de anúncio das intenções do Brasil em sediar a Copa do Mundo de 2014. O vídeo pode ser visto no site da emissora (www.espn.com.br). O fato revela o quanto estamos atrasados culturalmente e economicamente. A simples presença de Teixeira na principal entidade do futebol brasileiro evidencia o quanto somos fracos. Espero sinceramente que o Brasil não sedie a Copa de 2014.