Depois de um período sem escrever neste espaço, volto com um lado mais literário. Na era do terror é sempre bom dar uma amenizada de vez em quando. Segue abaixo um poema de Gregório de Matos e Guerra, um daqueles nomes que têm sumido da educação construtivista de esquerda que assola nossas escolas.
"MORALIZA O POETA NOS OCIDENTES DO SOL A INCONSTÂNCIADOS BENS DO MUNDO
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância."
Além dos belos versos, Gregório aborda também um tema muito comum à humanidade até hoje: o transitoriedade das coisas. Ainda não me acostumei à rapidez das mudanças e das transformações. Infelizmente assistimos apenas a coisas ruins. A democracia dilapidada a cada dia, a ignorância reinando e a barbárie virando uma instituição.