O mundo está mais leve

Com o afastamento de Fidel Castro, a lista de ditadores no poder perdeu um de seus líderes mais famosos e sanguinários. Responsável pela morte de quase 10 mil pessoas (segundo estimativas mais otimistas), Fidel representou durante anos uma pálida imagem de "resistência aos ianques".
Seus melhores momentos ocorreram quando vendia cana e outros produtos agrícolas por preços exorbitantes para a União Soviética, que pagava apenas por estar vivendo a Guerra Fria. Ao longo de todo esse tempo, muitas pessoas deixaram a ilha em busca de uma vida melhor e mais democrática.
São nomes famosos na literatura, como Cabrera Infante, no cinema, Andy Garcia, na música, Arturo Sandoval, sem falar de esportistas que na primeira oportunidade que conseguem, fogem do Comandante.
No entanto, o caminho para Cuba se livrar de toda a tirania ainda será longo. Raúl Castro, o irmão de Fidel, continua no poder e não deve deixá-lo tão cedo.
Mesmo assim, depois de 48 anos as esperanças estão renovadas para os cubanos.

Esporte ou espetáculo?

A Premier League, empresa que organiza o campeonato inglês de futebol, manifestou nas últimas semanas o interesse de fazer em 2011 uma rodada completa do torneio em diversos lugares do mundo.
A iniciativa gerou polêmicas no futebol mundial, pois a idéia inicial era fazer uma rodada extra, que seria a 39ª, valendo pontos. Além de gerar uma situação curiosa, como o fato de times jogarem 3 vezes entre si no mesmo campeonato, as disputas poderiam gerar distorções na tabela, já que algumas equipes poderiam sofrer por questões climáticas e também na qualidade dos gramados.
As ligas americanas NBA e NFL, de basquete e futebol americano respectivamente, já fazem esse tipo de negócio. Os lucros foram enormes e as marcas passaram a ser reconhecidas mundialmente.
O presidente da FIFA, Joseph Blatter, afirmou que a idéia da Premier League é "absurda" e que pode colocar em risco a candidatura do país à Copa de 2018. Blatter disse que o futebol é um desporto e não um show de entretenimento.
Entendo que o esporte ao longo do tempo ganhou características de espetáculo. Basta ver os investimentos feitos em publicidade e na negociação de atletas.
No entanto, o limite entre os negócios e a esportividade têm sido ultrapassado e isso pode colocar em risco a própria existência das competições.

Os comunistas do Dr. Marinho

Entre as lendas contadas sobre a imprensa na época do regime militar, uma das mais frases mais curiosas é atribuída a Roberto Marinho. Dizem que certa vez o empresário teria afirmado que os "comunistas dele, estavam sob controle", ou algo parecido com isso.
Acontece é que Marinho deve ter afrouxado esse controle ao longo dos anos. Tanto que se pegarmos boa parte dos jornalistas que passaram ou que ainda estão na Globo, veremos que as afinidades com os pensamentos de esquerda já são tradição na emissora carioca. Começamos por Caco Barcellos.
Entre seus livros, vemos uma defesa desenfreada do banditismo e críticas cínicas à lei e ao Estado Democrático de Direito. Seu quadro no Fantástico ajuda a formar novos repórteres petistas com o pensamento da grande mídia.
Outro caso famoso é o de Franklin Martins. O ex-guerrilheiro foi comentarista político por bons anos na emissora. No auge do mensalão ele bradava que faltavam "fatos objetivos" para o impeachment de Lula. Foi recompensado com o Ministério da Propaganda.
Hoje estava ouvindo a Rádio Eldorado à tarde e começou uma entrevista com Carlos Dornelles. O repórter está lançando um livro sobre o crime do bar Bodega. Para quem não se recorda, em 1996, durante um assalto, dois dentistas, Adriana Ciola de 23 anos e José Renato Posada Tahan de 25, foram assassinados pelos bandidos.
A polícia na pressa de prender os suspeitos, cometeu erros e quase condenou a prisão pessoas inocentes.
O problema é que Dornelles considera esse problema, um exemplo de como "as forças repressivas vão contra quem não está na elite".
Comentar esse tipo de bobagem me dá preguiça. O jornalista já lançou um livro sobre a cobertura da imprensa americana durante as guerras do Iraque e do Afeganistão. No texto só falta louvar as iniciativas terroristas.
São por essas e outras que os comunistas do Dr. Marinho estão descontrolados.

Dinossauros

Em nota divulgada no seu site oficial, o Partido dos Trabalhadores (PT) afirmou que a oposição ao governo Lula está tentanto retomar uma agenda neoliberal para o Brasil. Nessa premissa há pelo menos três erros básicos.
O primeiro está no fato do termo 'neoliberalismo' não existir. As teorias liberais formuladas no século XIX continuam as mesmas. Pregam um Estado mínimo com poucas interferências no mercado, uma democracia plena e principalmente a liberdade do indivíduo.
O segundo engano (ou seria má-fé?) está no fato de se atribuir a direita o fim da CPMF. O pensamento de direita encontra pouco ou nenhum eco no Congresso. Salvo raras exceções, o que tem espaço na política brasileira é uma mistura de troca de favores com corporativismo. Além disso, a CPMF não foi aprovada por incompetência do governo ao negociar com sua base de apoio, já que os votos que faltaram foram justamente do PMDB, o partido 'neogovernista'.
Por fim, soa até engraçado imaginar que o Brasil experimentou algo próximo a uma reforma liberal de Margaret Thatcher na Inglaterra ou ao que acontece de maneira lenta no Chile.
Se o liberalismo é tão ruim, porque as oito principais economias do mundo adotam esse conjunto de idéias?

Obrigado Mel Galley!

Ultimamente as notícias tem me deixado nervoso. Mas dificilmente triste. Infelizmente isso aconteceu hoje. O guitarrista Mel Galley (Whitesnake, Trapeze, Phenomena) anunciou estar com um câncer terminal.
Além da tristeza pelo ser humano, a doença apareceu em um momento no qual Galley estava retomando sua carreira. Havia inclusive feito alguns shows na Inglaterra e pretendia gravar coisas novas.
Ele teria inclusive escrito uma carta agradecendo aos fãs, à vida, à música. Não precisa. Tudo o que você gravou nos faz agradecer por sua carreira. Com você morre um pedaço da música, do rock, do hard rock, do blues e por consequência de todo ouvinte...
Obrigado!

Que belo estranho dia para se escrever uma resenha...

As quintas-feiras costumam ser um dia de anti-clímax. Numa quinta-feira de 1992 não se imaginava o impeachment de Collor. E numa outra de 2005 não se suspeitava de Duda Mendonça. Em tempos mais remotos, uma quinta reservou o primeiro ataque com bomba atômica contra humanos, no Japão.
Justamente por isso escrevo uma resenha que há tempos deveria ter feito.
O fato de eu estar digamos apaixonado pela cantora carioca Roberta Sá não influencia o texto (ou sim!).
Falando propriamente do disco "Que belo estranho dia para se ter alegria", temos uma coletânea de sambas antigos, todos interpretados com muita personalidade.
Na safra das novas cantoras brasileiras, Roberta parece ser uma das que mais se sobressai. Seu visual lembra um pouco Marisa Monte, mas sua voz suave a coloca entre as melhores da MPB atual.
Outro ponto a se elogiar na gravação é a produção. Os discos de MPB, no geral, sempre apresentam bons arranjos, com "Que belo dia..." não é diferente. A audição é pra lá de agradável.
Para quem gosta de samba e de boas cantoras, é um prato cheiro.

Sobre homens e coelhos

O coelho é um mamífero de carne muito saborosa. Em açougues especializados o quilo chega a custar mais de R$ 20. A iguaria não está presente nos pratos do brasileiro comum. Aquele que trabalha, usa o transporte público e que em muitos casos não tem casa própria.
Acontece é que o presidente da República aprecia esse tipo de carne. Em reportagem publicada na revista Veja, os gastos de assessores da presidência em um açougue chegaram a R$ 23.800. A casa de carnes é especializada em cortes especiais, inclusive em coelhos.
O leitor pode estar pensando, o que eu tenho a ver com isso? Toda a fartura gastronômica palaciana foi financiada com o seu dinheiro. Tudo foi comprado com os já famosos cartões corporativos.
Enquanto o suor dos brasileiros compra com muito custo alguns bifes, os nossos poderosos governantes saboreiam os mais diversos tipos de carne.
O Portal da Transparência (http://www.portaltransparencia.gov.br) tem tudo isso registrado. O escândalo que derrubou Matilde pode ser apenas a ponta do iceberg.
Agora dá para entender as lamentações em torno do fim da CPMF, afinal com R$ 40 bilhões daria para comer muitos coelhos todos os dias, por um bom tempo.