O inimigo mora ao lado

O noticiário político desse ano já tem como destaque as eleições municipais. Esse processo começa pelas articulações e acordos firmados para as disputas e termina na escolha dos prefeitos e vereadores por todo o país.
No entanto, o mais interessante é observar como certas estratégias utilizadas em 2006 passam a ser demonizadas por quem foi beneficiado por elas. Um exemplo disso é a disputa de Geraldo Alckmin pela candidatura a prefeito de São Paulo.
Um dos argumentos usados pelos 'alckmistas' é o fato de Gilberto Kassab (DEM), atual prefeito, encontrar-se na terceira posição nas pesquisas. O irônico é que Alckmin aparecia com a mesma quantidade, há dois anos, quando seu grupo impôs a candidatura presidencial. O líder naquele momento era Lula e o único nome que tinha chances de vencê-lo no segundo turno era o governador José Serra.
O fato é que as eleições paulistas são o grande balão de ensaio para 2010. Se Serra não conseguir emplacar Kassab, a derrota pode tirá-lo da disputa presidencial daqui dois anos. Pois o PSDB não aguentará um terceiro racha no espaço de quatro anos.
Com partidários assim, os tucanos não precisam de oposição externa.

Juca, o franciscano

Em seu artigo publicado hoje na Folha de São Paulo, Juca Kfouri tece alguns comentários sobre as parcerias dos clubes brasileiros e suas consequências. Como todos sabem, Kfouri se notabiliza por defender (pelo menos ele insiste nisso) os interesses do desporto brasileiro.
Os alvos de suas críticas são sempre Ricardo Teixeira, Pelé, Eurico Miranda, J. Hawilla, Alberto Dualib e todos esses cidadãos.
No seu texto, o jornalista comenta as parcerias do Palmeiras com a Parmalat e do Corinthians com o Banco Excel, com a Hicks Muse e, por fim com a MSI.
Ao argumentar sobre os prós e os contras, Kfouri mistura tudo e procura colocar no mesmo saco pessoas sérias com pessoas suspeitas. Tudo para justificar um modelo de administração.
Em determinado ponto temos o seguinte. "Sim, depois descobriu-se que a Parmalat era uma imensa lavanderia, algo que serviu de lição para se olhar com desconfiança para outras parcerias que surgiram depois em nosso futebol.". Com uma boa dose de má-fé, ele relaciona o fim da co-gestão palmeirense com os problemas financeiros da Parmalat. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. A gestão brasileira da empresa italiana não esteve em nenhum momento envolvida no escândalo, tanto que continua existindo como marca dentro do Brasil. Esse tipo de ilação é o mesmo que especular sobre "Esquema Parmalat". Algo que nunca existiu mas é falado aos quatro ventos por muitos comentaristas esportivos.
O mais grave desse caso é a oposição que Juca faz entre Palmeiras e Corinthians e São Paulo e Santos. Ele que tanto louva as glórias recentes do time do Morumbi, diz que os momentos mais fracos do São Paulo se deram pela força dos outros times e não pela incompetência de sua diretoria. Esse mesmo argumento cai por terra, quando Kfouri fala de Mustafá e Dualib.
Em seu juízo perturbardo, o rebaixamento das duas equipes seria fruto da má-administração e do fim das parcerias. Mas a má fase de São Paulo e Santos foi fruto de suas diretorias íntegras, que não aceitaram dinheiro das parcerias.
Juca aceitaria uma parceria?

Desrespeito

A letra escrita por Joaquim Osório Duque Estrada e a música composta por Francisco Manoel da Silva juntas formam o Hino Nacional Brasileiro. Esse símbolo da pátria, que tem na versão executada pela Orquestra do Exército a sua expressão mais bela, tem sido alvo de verdadeiras depredações.
A primeira delas circula pela internet como uma leitura na base do forró. Nada contra o ritmo musical nordestino, mas os decretos 171 de 1890 e o 15.671 de 1922 prevêem que o Hino deve ser tocado sempre em seus arranjos originais, com instrumentos próprios de uma orquestra.
O segundo desrespeito acontece nos estádios de futebol. Após pressões da Federação Paulista de Futebol, a Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou em 2001 uma lei que obriga a execução do hino nacional antes de todas as partidas realizadas no estado. Se não bastasse a falta de educação de muitos torcedores, diversas vezes a versão tocada é cortada pela metade, deixando a emenda bem pior que o soneto.
O respeito aos símbolos nacionais faz parte de um conceito amplo de cidadania e do verdadeiro amor a pátria. Ser um cidadão brasileiro não é apenas torcer na Copa do Mundo ou beber determinada cerveja. E sim lutar pela democracia e respeitar a Constituição.

Covardia

O braço feminino do MST, a Via Campesina, foi criada em 1993. Desde então tem se dedicado a 'lutar' pela reforma agrária e contra o agronegócio. As suas ações envolvem entre outras coisas a destruição covarde de pesquisas cientifícas.
No espaço de um ano, as empresas Aracruz e Monsanto tiveram anos de investimentos e trabalho de cientistas destruídos em questão de minutos.
Em qualquer país normal, os responsáveis por esses ataques estariam sendo processados ou condenados criminalmente. Mas como estamos no Brasil, o grupo recebe homenagens de partidos políticos como o PSOL e PT.
Além disso, a Via Campesina recebe subvenções do governo federal, mesmo após as flagrantes agressões a propriedade privada. Tanto que Lula recebeu representantes do movimento no dia 13 de dezembro de 2006, como agradecimento pela sua reeleição naquele ano.
As duas empresas que foram alvos desses ataques geram emprego e renda para a população local. Por conta disso estão localizadas no sul do Rio Grande do Sul, região mais pobre e menos desenvolvida do estado. Não permitindo assim que essas pessoas fiquem expostas a programas de assistência social. Talvez seja esse o motivo de tanto ódio.

Ataque ainda é a melhor defesa

A semana futebolística começou no domingo com o clássico entre Corinthians e Palmeiras. O jogo, vencido por 1 a 0 pela equipe alviverde, representava a sua sobrevivência no Campeonato Paulista. No entanto o que mais chamou a atenção foi a postura dos times. Enquanto o Palmeiras buscou o gol o tempo inteiro, o Corinthians se defendia com 10 jogadores no campo de defesa.
Ao final, venceu quem estava disposto a correr riscos.
O mesmo aconteceu na partida entre Milan e Arsenal pela Copa dos Campeões da Europa. A vitória inglesa por 2 a 0, em pleno San Siro, premiou a estratégia mais ofensiva e que merecia vencer desde a início do jogo.
As duas vitórias mostram que entrar com disposição e vontade de vencer continua sendo a melhor estratégia.

Incômodo

O presidente Lula deu uma mostra de seu verdadeiro caráter como político ao criticar o Poder Judiciário em um discurso na cidade de Aracaju (SE). Em sua fala, o presidente atacou indiretamente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello.
Toda a polêmica aconteceu devido a uma declaração de Mello, a respeito de possíveis contestações na justiça dos programas sociais de Lula, o seu grande trunfo eleitoral e que será utilizado largamente nesse ano de pleitos municipais.
Quando Lula vocifera contra o Poder Judiciário ele está apenas externando o seu eterno incômodo com as liberdades democráticas. Tanto ele quanto o seu partido nunca se acostumaram com isso. Para o PT só existe democracia quando vencem.
Esse sentimento fica ainda mais evidente quando as críticas são dirigidas à imprensa e às oposições. No primeiro caso, o governo mobilizou-se para criar a Tv Brasil, um meio de se ter um canal "neutro" e sem críticas ao governo federal.
Já no segundo, referem-se ao principal partido de oposição, o Democratas, como 'demos', em uma clara idéia de maldade, como se fossem responsáveis pelas derrotas políticas governistas.
A única coisa que realmente incomoda Luís Inácio e seus companheiros.